sábado, 16 de julho de 2011

MONÓLOGO

Ouço os pingos, ora esparsos, às vezes agressivos. Parecem tapar-me as narinas e me dão a leve sensação de mergulhar na liquidez do cenário.
É isso! O oceano obscuro da sala parece esconder minha sombra e sem movimentos eu tento desvendar meus móveis. O que será que eles escondem? Memórias? Presente?
Ai! Já não posso respirar, e isso me apavora! O fato de me assustar com o efeito da chuva, me assusta! Veja só, meus pensamentos estão desconexos e me afastam da realidade.
O frio que sinto já não faz sentido. As minhas mãos estão queimando, mas gelam tudo o que toco.
Insanidade, meu Deus! Não quero enlouquecer, mas a lucidez a que fui submetida por todo esse tempo é a pior das loucuras.
A sala escurece tanto que já nem consigo ouvir os pingos. Era o ritmo cordial da chuva que me fazia sentir viva, e agora já não posso escutar a pulsação.
Não ouço, não respiro, não vejo, não sinto...

Catherine Santana

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