sexta-feira, 29 de julho de 2011

Fiquei de pé

Eu tinha 14 anos quando o conheci. Eu acabara de entrar na nova escola e era meu primeiro dia. Como tudo que é novo, ainda não havia me localizado, as coisas não pareciam reais, então fui conversando com os outros alunos. A conversa durou, pra mim, até quando ELE entrou: me esqueci de onde estava e do que estava fazendo, só consegui olhar pra ELE. Sua beleza era estonteante e me hipnotizou. Apenas acompanhei com os olhos onde ele se sentaria no ônibus, mas logo abaixei os olhos e tentei disfarçar. O resto do dia foi cheio de novidades e a imagem daquele garoto ainda permanecia em minha cabeça. Pior que isso, eu não sabia sequer seu nome e não o encontrei durante todo o dia.
Passados alguns dias descobri seu nome,                         , e a mesma situação se repetia todas a manhãs quando ele entrava no ônibus. Em um dia eu estava sentada em um dos bancos da pracinha quando o meu deus grego apareceu ao longe e estava vindo e minha direção. Meu pensamento viajou e imaginei muitas coisas: “talvez o amor entre nós tenha sido à primeira vista”; “ELE está vindo aqui porque percebeu que olho pra ELE e ELE também deve olhar pra mim”. Então, fiquei de pé, e pra esperei até que lê chegasse mais perto para eu correr para seus braços. Ele se aproximou, deu uma piscadinha e um lindo sorriso apareceu no canto de sua boca. Aquilo me desequilibrou, achei tão fofo. Dei um passo para ir de encontro a ELE, mas de repente, uma garota saiu detrás de mim e se jogou em seus braços.
Naquele momento não sabia o que fazer, eu estava com muita vergonha e o chão parecia ter saído de debaixo de meus pés. Como já estava de pé, saí andando para disfarçar e corri para a sala de aula. Na sala fiquei abandonada durante todo o dia. Que tolice a minha também pensar que Aquele cara faria Aquilo pra mim.
Fiquei em estado de choque por algumas semanas, então converti esse choque à em favor. Tentei me aproximar ao máximo dele e até que consegui, mas eu nunca esqueci a vergonha de ter ficado de pé e esperado por ELE, foi patético. Ficamos “amigos”, mas eu percebia que ele não “se entregava” para nossa amizade, o que me deixava frustrada. Quanto mais eu tentava me aproximar, mais distante dele eu ficava, então, me continha e me mostrava mais fria para camuflar meus sentimentos em relação a ELE. Uma vez cheguei a falar com ELE sobre o que eu sentia, mas nada aconteceu, pois não significava muito para ELE, e, além disso, ELE disse não querer me machucar, nem brincar com meus sentimentos. CARAMBA me machuca logo! Pensei assim por algum tempo, mas depois me conformei, os sentimentos ficaram congelados em mim.
Não pensei mais nele, nem no meu amor. O tempo passou e fiquei nessa situação até quando ele saiu da escola, depois da formatura. A partir daí, um sentimento de perda me tomou, parecia que uma parte de mim estava indo embora. Eu não consegui lutar contra aquilo, era tão forte, tão real, tão intenso.
No último dia em que no vimos, eu estava no mesmo banco em que estava na outra vez. Quando o último sinal bateu, o meu deus grego saiu do prédio e apareceu ao longe, vindo mais uma vez em minha direção. Meus pensamentos mais uma vez deram um giro. Então, fiquei de pé, mas dessa vez não esperei que ELE chegasse perto para que eu corresse para seus braços, de longe mesmo eu me despedi do meu Primeiro Amor.
E ainda hoje, todas as vezes que fico de pé, lembro do seu lindo rosto dando uma piscadinha, um lindo sorriso aparecendo no canto de sua boca e seu corpo indo embora, PARA SEMPRE.

Nenhum comentário:

Postar um comentário